sexta-feira, 30 de abril de 2010

Acordar para a vida IV (Cont.)

"Não se desenvolveram valores mais nobres. Raios, os gregos, há 3 mil anos eram tão avançados como nós! Quais são as barreiras que impedem as pessoas de alcançarem o seu verdadeiro potencial? A resposta a isso pode ser encontrada noutra pergunta, que é:

Qual é a característica humana mais universal? O medo ou a preguiça?"

Almas atormentadas

Eu conhecia-a bem, depois de muitos anos a conviver com ela sabia exactamente (ou quase exactamente) como ela era. E ela vivia atormentada por tudo e por nada.

Há pessoas assim, que parece que são perseguidas por um espírito negro. Para além de terem azar não conseguem lidar com ele nem conseguem fazer com que o espírito mude de cor.
Eu digo que são almas atormentadas porque para além de serem perseguidas por esse tal espírito parece que se alimentam dele. Mas o pior de tudo é que queixam-se muito e quando não se queixam sofrem em silêncio. E sofrem por tudo, porque o namorado não lhe ligou, porque o filho está a ter más notas, porque o colega chamou-lhe burra, porque o dia está cinzento...
E vivem atormentadas com tudo o que lhes acontece.

Se acontece algo de bom não acham assim tão bom, porque o namorado podia ter ligado mais cedo, porque o filho podia ter tido um 20 e não um 19, porque podia não estar tanto calor... E não há ninguém que tenha paciência para isto.
Porém, se sofrem em silêncio ficam pessoas com quem é ainda mais impossível de estar. Pessoas carrancudas que pensam que ninguém as compreende e ninguém as quer ouvir. E sentem-se mal. E nós somos influenciados por esse mau-estar.
Eu sou da opinião que deviam fazer um grupo de almas atormentadas, como os alcoólicos anónimos, e deviam-se juntar e falarem sobre o que os atormenta. Podia ser que se cansassem uns dos outros e tentassem encarar a vida de outra maneira. Podia ser que se vissem nas outras pessoas e percebessem o quanto impossíveis de lidar são.

Existe (quase) sempre uma solução para tudo, só não podemos ficar a ter pena de nós e do mundo e nada fazer. Por vezes o problema destas pessoas é não fazerem uma pausa, é não respirarem fundo, é preocuparem-se demais com as pequenas coisas, é não saberem o que é aproveitar a vida.

Alguém lhes devia dizer isto. Alguém devia fazer com que o espírito negro parasse de as perseguir, alguém lhes devia dizer que quem acaba por reencarnar o espírito negro são elas mesmas. Alguém lhes devia dizer que assim, nunca serão felizes.

domingo, 25 de abril de 2010

Acordar para a vida IV

"Há dois tipos de sofredores. Os que sofrem por falta de vida e os que sofrem por excesso dela. Eu sempre dei comigo na segunda categoria. Quando se pensa nisso, quase todo o comportamento e actividade humanos não é essencialmente diferente do comportamento animal. As tecnologias e o engenho mais avançado fazem-nos chegar ao máximo até ao nível do super-chimpanzé. Na verdade, o fosso entre Platão e o ser humano comum é maior que aquele entre o chimpanzé e o humano comum. O domínio do verdadeiro espírito, do verdadeiro artista, do santo, do filósofo, raramente é atingido. Porquê tão poucos? Porque razão a História e a evolução não são histórias de progresso mas uma interminável e fútil adição de zeros?"

Liberdade

Parece ser um conceito simples. No entanto, é deveras complicado.

Olhei para os teus olhos e quase me senti obrigada a pedir-te desculpa. Por não te dar a liberdade que precisas. Por ter visto no teu olhar uma tristeza enorme.
Todos nós, humanos ou outro tipo de animais, precisamos de uma certa liberdade, de nos sentirmos livres de alguma forma. Se eu, que sou humana e vivo supostamente num mundo livre, sinto-me tantas vezes presa, imagino tu, um mero animal, agarrado a uma casota e a uma trela para o resto da vida. Sei que te sentes incomodada com isso. Sei que não é isso que queres para ti. (Para a minha cadela)

Não me venham com coisas que os animais, por não serem responsáveis, não saberem o que fazem ou não terem consciência, não têm Liberdade. Não me venham com filosofias que digam que a Liberdade é um conceito criado a partir do homem. Não me venham com tretas pois Liberdade era o que mais havia antes de existirmos.
Hoje em dia é difícil encontrar a Liberdade no seu estado puro. Isto se sequer existir.

Liberdade… Se for ver ao dicionário: Gozo dos direitos do homem livre; faculdade de uma pessoa poder dispor de si; autonomia; privilégios.
Vou agarrar esta última definição. É um privilégio sermos livres? É um privilégio sentirmo-nos livres? Acredito que sim. A maior parte das pessoas e dos animais não são livres. Estão agarrados a alguma coisa que os impede de o serem. Dou o exemplo do meu peixe que é obrigado a estar num aquário minúsculo todos os dias a nadar de um lado para o outro, seria livre se pudesse nadar onde lhe apetecesse, mas não pode.
Mais uma vez, este conceito de Liberdade é difícil de definir. O meu peixe também não pode voar, e é isso que o faz ser menos livre?

Depois do 25 de Abril as pessoas, cá em Portugal, eram mais livres? Depende. As pessoas sempre foram livres de fazer ou dizer o que quisessem, simplesmente havia consequências para essas acções. As pessoas eram livres de escolher se queriam acarretar com elas ou não.
Ser livre… È sentir-se bem com a vida, é sentir-se um ser pleno. (a minha definição)
Há pessoas que não são totalmente “livres” e sentem-se bem com essa não Liberdade. Basta estarmos presos a algo que gostamos. Basta taparem-nos os olhos para as Liberdades que não temos.

Por mais que queiramos não podemos voar por nós próprios sem precisar de uma máquina. Nunca seremos totalmente livres. E a Liberdade será sempre subjectiva.

És livre? Se calhar pensas que sim e não o és. Se fosses livre estarias mesmo aqui neste momento? Serias mesmo quem és?