segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A dor de sentir

Agora onde é que fico? 
No chão deste mundo acabado, a viver como um rato? 
Onde está o destino livre que me prometeste que teria? 
Diz-me porque é que espero eu por isto? 
Porque não dou meia volta e escolho outro sonho?  

Foi o que tu disseste que me fez ficar... 
Disseste que tudo iria mudar...
Disseste-me, com os teus olhos de uma cor transcendente e cheios de uma estranha magia, que a felicidade passa de vez em quando só temos de tentar encontrar a estação em que vai parar.
                                                                        Eu acreditei em ti...
A tua alma pareceu-me a mais pura,                     as tuas palavras as mais sinceras,                    o teu sorriso uma melodia para o meu coração... 
O teu corpo brilhava como o sol aos meus olhos e o teu cheiro falava comigo, sem palavras, que é a comunicação mais extraordinária e completa que existe...


Agora já passou algum tempo e eu fiquei na lama. 

E assim, com as mãos, a cara e a alma todas sujas ainda tenho esperança que voltes e que percebas que não encontrava a felicidade porque não te tinha a ti. 
Que não chegava até ao sonho porque era chegar à tua alma que eu queria.
Que não tinha um destino livre porque  tu... sempre me aprisionaste.
E continuas a fazê-lo. 
Longe ou perto. 
Hás-de fazer sempre parte de mim.
(In)felizmente.



sábado, 15 de outubro de 2011

Instabilidades


Há dias em que bate tudo. Em que a discussão com o vizinho nos faz chorar, a recordação de um ex-namorado nos dói como se o passado fosse presente, em que a melancolia vem ao de cima por vermos um arco-íris e não termos ninguém ao lado com quem partilhar essa visão. Em que um simples sorriso de uma criança faz-nos querer abraçá-la e um grito de um adolescente faz-nos querer gritar com ele... Há dias em que as emoções estão à flor da pele. E só gostávamos que por uma vez chegássemos ao fim do dia sabendo que não passa daquela sensibilidade extra que, por vezes, temos. Mas não, chega-se ao fim do dia com a certeza de que não é nenhuma sensibilidade extra é mesmo um vazio que tens em ti, que te faz chorar por tudo e por nada, suspirar por tudo e por nada… Viver por nada…
Chegas ao fim a perceber que a infelicidade prolongada causa isto. Estas instabilidades.

domingo, 9 de outubro de 2011

Mistura de sensações


As sensações são, por vezes, incríveis. E há dias em que acordamos cheios delas. Como hoje.

Vou à janela e até o cheiro a nada me faz lembrar mil e uma coisas diferentes. Olho para as casas lá longe num monte perto do meu e elas fazem-me lembrar todas as casas que eu nunca tive mas que sei que um dia terei. O céu enche-me de qualquer coisa que não sei descrever e sinto-me o Fernando Pessoa num dos seus dias de Bernardo Soares. (excepto que se fosse mesmo ele saberia, certamente, descrever o que sentia) No entanto, sei que não sou Bernardo Soares por uma simples razão: tenho esperança...

Hoje todas estas sensações, apesar de mortas, imaginárias e não concretas, são minhas e isso ninguém me pode tirar. É como a esperança que está envolta nestas sensações, em cada uma delas.
E o dia passa e foi só mais um dia. Mas chega a noite e todas as sensações voltam sem eu as chamar. Vou à janela e olho para a lua, quase que me cai uma lágrima no olho: memórias, porra, memórias. E vejo as luzes lá longe nos montes ao lado do meu, e todas aquelas luzes brilham de uma maneira que eu nunca as vi brilhar e olho novamente para a mesma casa e vejo as janelas dessa mesma casa e vejo as pessoas que lá vivem a andar de um lado para o outro e de repente apetece-me estar lá e dizer-lhes olá e de repente começo a imaginar coisas que já nem sei bem quais são.

Começo apenas a imaginar, a mil a hora, imagem após imagem, coisas que não fazem realmente sentido mas que fazem sentido ali, naquele momento.
Sinto-me bem mesmo assim. Turbilhão de sensações e emoções. Mas sinto-me bem.
Melhor isto que não sentir nada, que não ver nada, que não querer nada, que não imaginar e não sonhar nada.
 O nada costuma ser o meu mundo. Portanto é sempre bom ir a Marte e voltar.
E voltei. E agora Arlabunakti que vou dormir.