"Como se a vida fosse fácil dás-me verdades de pacotilha que eu estou a coleccionar para te atirar à cara quando fazemos amor.
Em vez de nomes feios vou-te cuspir lugares comuns como orgasmos múltiplos que se querem com rasgos de entusiasmo que eu carrego nas costas à feição das tuas unhas.
E, na verdade, não gosto de ti só porque não te suporto mas, no mais profundo calabouço, consegues dar-me o riso do despropósito e as lágrimas fáceis de quem não sabe o que diz e isso faz-me bem porque não me faz mal. Alivia-me porque me acompanha, informando-me a cada momento que a vida é uma graçola sem fim e sem sentido e que todos andamos com o propósito de dar trabalho ás pernas para que não apodreçam...e aos braços para que se movam como os pêndulos perpétuos da solidariedade.
E rimo-nos de tudo porque há sempre quem sofra mais... que é o que se diz ao miúdo que não quer comer a sopa...para que o bem-estar de toda a civilização prevaleça é importantíssimo, crucial até, contar ao garoto que não come o caldo que existe do outro lado do mundo um garoto igualzinho a ele (à excepção da cor e da falta de membros superiores cortados previamente à catanada) que gostaria de estar a comer aquela sopa quentinha a afogar agriões. É determinante dizer ao menino que não quer comer que há mais quem queira. E que quem quer merece mais porque tem mais fome. E o moço pergunta: - Então porque tenho de comer eu sopa azeda se há meninos sem mãos e sem pais que precisam mais do que eu?
E o moço particularmente inteligente do poema tem toda a razão. Porque havemos nós de sofrer menos porque os outros sofrem mais? Ora, eu sofro à minha maneira, da minha forma ocidental, senão está bem multem-me, estraguem-me a vida para eu ver o lado positivo e os que dizem "muita sorte tens tu" podem ir para o caralho porque se eu tivesse muita sorte não tinha de os ouvir...a falar da minha sorte...quando eu só quero chorar...e partir tudo...e mandar toda a gente bardamerda. Há lugar para a verdade por isso tu, que eu fodo com paixão e que desprezo com prazer, podes meter as tuas verdades...Como é que tu dizes? "Tu não gostas é de ouvir as verdade...Eu digo pela frente para não dizer por trás"... Como eu estava dizendo tu e esses borra-botas que falam da minha sorte podem meter as verdades todas no cu.
Vou inventar uns lugares comuns novos e umas verdades por estrear para vos meter no cu a todos e vou fazer desta sodomia a minha única missão.
A partir de hoje auto proclamo-me clister universal da humanidade e irei dedicar todos os meus suspiros, desde o raiar até ao deitar, a intrometer no ânus do ex-símio as mais incómodas e protuberantes constatações.
E sempre que alguém se mexe na cadeira...sou eu. Sempre que alguém coça a intermitência das nádegas...sou eu. Sempre que a cueca resvala para o buraco negro não sou eu...mas a cueca trabalha para mim. Eu sou o ministro da comichão, o chato que vem atrás, o pica-miolos que sabe onde eles picam...e onde dói mais... e não vos vou dar descanso...e em vez de descanso dar-vos-ei infecções intermináveis de verdade, purgas de verdade, sangrias pestilentas de verdade. E sei bem que não é nos vossos olhos que alguma vez encontrarei o caminho para a felicidade mas enquanto vos obrigo a mexer, coçar, a sentir, a gemer, a estrebuchar talvez, por segundos, vos faça também pensar.
Quanto a ti, meu amor, minha musa de vulgaridade, nem sei como te amar mais, devo-te tudo, devo-me, dou-me todo, amo-te todo porque me entendes de corpo e sem alma, porque me ensinas o caminho todos os dias...porque, como tu costumavas dizer, quando corria mal no emprego:
"Meu querido, tens que começar por baixo. Tens que começar por baixo."
Em vez de nomes feios vou-te cuspir lugares comuns como orgasmos múltiplos que se querem com rasgos de entusiasmo que eu carrego nas costas à feição das tuas unhas.
E, na verdade, não gosto de ti só porque não te suporto mas, no mais profundo calabouço, consegues dar-me o riso do despropósito e as lágrimas fáceis de quem não sabe o que diz e isso faz-me bem porque não me faz mal. Alivia-me porque me acompanha, informando-me a cada momento que a vida é uma graçola sem fim e sem sentido e que todos andamos com o propósito de dar trabalho ás pernas para que não apodreçam...e aos braços para que se movam como os pêndulos perpétuos da solidariedade.
E rimo-nos de tudo porque há sempre quem sofra mais... que é o que se diz ao miúdo que não quer comer a sopa...para que o bem-estar de toda a civilização prevaleça é importantíssimo, crucial até, contar ao garoto que não come o caldo que existe do outro lado do mundo um garoto igualzinho a ele (à excepção da cor e da falta de membros superiores cortados previamente à catanada) que gostaria de estar a comer aquela sopa quentinha a afogar agriões. É determinante dizer ao menino que não quer comer que há mais quem queira. E que quem quer merece mais porque tem mais fome. E o moço pergunta: - Então porque tenho de comer eu sopa azeda se há meninos sem mãos e sem pais que precisam mais do que eu?
E o moço particularmente inteligente do poema tem toda a razão. Porque havemos nós de sofrer menos porque os outros sofrem mais? Ora, eu sofro à minha maneira, da minha forma ocidental, senão está bem multem-me, estraguem-me a vida para eu ver o lado positivo e os que dizem "muita sorte tens tu" podem ir para o caralho porque se eu tivesse muita sorte não tinha de os ouvir...a falar da minha sorte...quando eu só quero chorar...e partir tudo...e mandar toda a gente bardamerda. Há lugar para a verdade por isso tu, que eu fodo com paixão e que desprezo com prazer, podes meter as tuas verdades...Como é que tu dizes? "Tu não gostas é de ouvir as verdade...Eu digo pela frente para não dizer por trás"... Como eu estava dizendo tu e esses borra-botas que falam da minha sorte podem meter as verdades todas no cu.
Vou inventar uns lugares comuns novos e umas verdades por estrear para vos meter no cu a todos e vou fazer desta sodomia a minha única missão.
A partir de hoje auto proclamo-me clister universal da humanidade e irei dedicar todos os meus suspiros, desde o raiar até ao deitar, a intrometer no ânus do ex-símio as mais incómodas e protuberantes constatações.
E sempre que alguém se mexe na cadeira...sou eu. Sempre que alguém coça a intermitência das nádegas...sou eu. Sempre que a cueca resvala para o buraco negro não sou eu...mas a cueca trabalha para mim. Eu sou o ministro da comichão, o chato que vem atrás, o pica-miolos que sabe onde eles picam...e onde dói mais... e não vos vou dar descanso...e em vez de descanso dar-vos-ei infecções intermináveis de verdade, purgas de verdade, sangrias pestilentas de verdade. E sei bem que não é nos vossos olhos que alguma vez encontrarei o caminho para a felicidade mas enquanto vos obrigo a mexer, coçar, a sentir, a gemer, a estrebuchar talvez, por segundos, vos faça também pensar.
Quanto a ti, meu amor, minha musa de vulgaridade, nem sei como te amar mais, devo-te tudo, devo-me, dou-me todo, amo-te todo porque me entendes de corpo e sem alma, porque me ensinas o caminho todos os dias...porque, como tu costumavas dizer, quando corria mal no emprego:
"Meu querido, tens que começar por baixo. Tens que começar por baixo."
João Negreiros no seu melhor.
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