Hoje conheci a Ana.
A Ana meteu conversa comigo numa paragem de autocarro no Porto.
Aproximou-se de mim e como se já me conhecesse começou a falar que podia ir a pé mas que as pernas dela já não lhe deixavam andar tanto e perguntou-me qual era o autocarro que parava naquela paragem. Depois respondeu à sua própria pergunta. Sorri e disse-lhe que ainda bem que ela sabia, porque eu não era do Porto.
A Ana falou um pouco mais sobre os autocarros e depois perguntou-me de onde era.
Eu respondi: - Lisboa.
Os olhos da Ana brilharam e comentou que ia a Lisboa várias vezes para ir ver exposições em Museus. E depois falou do MAAT, queria ir visitar o novo museu de Lisboa.
Entrámos no autocarro e a Ana perguntou-me para onde ia, disse-lhe que ia visitar Serralves e disse-lhe em que estação ia parar. Muito prontamente, ela disse-me que essa não era a estação mais próxima de Serralves. Levantou-se e foi confirmar com o motorista. Voltou, - Realmente essa não é a estação mais próxima. - Disse-me o nome da estação mais próxima.
Esbocei um enorme sorriso, agradeci-lhe e fiquei meio tonta com aquele gesto de bondade, humanidade, simpatia, empatia.
Ela perguntou-me se ia até lá sozinha. - Sim. - Respondi.
A Ana sorriu.
Confessou-me que sempre que ia a Lisboa ia sozinha e que todas as suas amigas ficavam muito surpreendidas por ir tão longe sozinha, nenhuma queria juntar-se a ela. Contou-me que apanhava o comboio das cinco da manhã, passava o dia em Lisboa e depois voltava para o Porto. Levantou-se, tínhamos chegado à sua paragem. Perguntou-me o nome. - Ana Rita. - Respondi.
- Eu sou a Ana sem Rita.
Saiu do autocarro.
Não olhou para trás.
As portas fecharam-se e o autocarro começou a andar.
Despedi-me, em silêncio, do meu futuro eu.
AR
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