segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Fantasmas de um passado distante

A inspiração está principalmente nos sentimentos mais profundos.

No entanto, esses trazem muitas vezes memórias e sensações que nem sempre são fáceis de gerir. 

Em tempos escrevia sobre tudo o que estava cá dentro, fosse bom, mau, íntimo, sem sentido, complexo...

Agora a sensação é que nada vale a pena. Nada é importante. A maior parte do que quero dizer, já o disse. Sinto muitas vezes que não há nada de novo. Porém, com a quantidade de mundos novos que vivi nos últimos anos como não há nada de novo? E depois lembro-me de ti. E de todas as pessoas que conheci depois de ti. Tantas... E sei que a resposta é clara. Não voltei a amar. Logo não há nada a dizer.

Todas as aventuras que vivi, todas as histórias mirabolantes experienciadas, todos os desconhecidos que abracei, todas as conversas sobre o tudo e o nada, todos os sorrisos que vi, todos os corpos que toquei, as paisagens que absorvi, as línguas que ouvi, tanta coisa que aprendi, o quão hoje sou radicalmente diferente do que era há 9 anos...

Tento analisar o que senti todos estes anos. E apesar de ter sido tudo incrível e não trocar nada do que aconteceu, sei, que faltou alguma coisa.

Depois de ti, sempre estive só. Não voltei a sentir-me acompanhada.

É difícil admitir isto. É, na verdade, uma merda admitir isto. Porém, quando o que queremos comunicar é a nossa verdade, não devemos ter vergonha de o gritar, se necessário. 

Não te quero de volta, longe disso. Espero do fundo do coração que sejas feliz e que saibas que te recordo com carinho.

AR

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