domingo, 9 de janeiro de 2022

Perdoa-me.

Tenho problemas.

Reparo no quão sem sentido sou.

Acredito que devemos investir mais nas pessoas, investir mais uns nos outros, mas sou a primeira a desistir. Desisto, e depois quero que não desistam de mim, assim como um jogo de gato e rato. Não invisto, não aprofundo, embora fique à espera que o outro lado tenha a resposta contrária. Se insistirem do outro lado, acho a pessoa irritante, se não insistem fico deprimida. Um jogo sem sentido nenhum, em que não interessa o desfecho, pois esse é sempre negativo a meus olhos. 

Há muitos anos que deixei de acreditar, no entanto, tenho uma ideia no fundo da minha mente que a pessoa certa vai mudar as minhas atitudes. Embora, é possível que deixe fugir todas as pessoas certas. Deixo-as ir porque tenho medo. Receio que não funcione, receio que funcione. Todos os desfechos são maus. Se não funcionar perdeu-se tempo de vida e energia, perdeu-se esperança, se funcionar fico presa a uma pessoa, a minha felicidade passa a ser responsabilidade de outrem. 

Agora mais que nunca sei que a culpa tem sido minha. Não tenho estado disponível, há muitos anos que não o estou. 

Saber isto, podia fazer-me mudar de comportamento e dar-te uma oportunidade. A ti, que claro como todos os outros não fazes sentido nenhum, a ti, que provavelmente nem vais estar presente na minha vida daqui a uns meses, a ti que falas uma língua que não é a minha, falando uma língua que é tão minha que não tem interesse, a ti que me lembraste o que é ser desejada outra vez... O maior problema de todos: não gosto assim tanto de ti. Gostava de gostar um bocadinho mais, gostava de não desistir já, gostava, ao menos, de dar-me a conhecer. Niente. Sinto-me distante, fechada em quatro paredes. Olho para ti, sorrio e penso que não consigo dar mais, por mais que, teoricamente, gostasse, não me sai das entranhas, a minha alma nada tem a dizer. Sem ser: perdoa-me. 

Uma mensagem que não sei bem se é para ti ou para mim mesma.

AR

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