domingo, 9 de outubro de 2011

Mistura de sensações


As sensações são, por vezes, incríveis. E há dias em que acordamos cheios delas. Como hoje.

Vou à janela e até o cheiro a nada me faz lembrar mil e uma coisas diferentes. Olho para as casas lá longe num monte perto do meu e elas fazem-me lembrar todas as casas que eu nunca tive mas que sei que um dia terei. O céu enche-me de qualquer coisa que não sei descrever e sinto-me o Fernando Pessoa num dos seus dias de Bernardo Soares. (excepto que se fosse mesmo ele saberia, certamente, descrever o que sentia) No entanto, sei que não sou Bernardo Soares por uma simples razão: tenho esperança...

Hoje todas estas sensações, apesar de mortas, imaginárias e não concretas, são minhas e isso ninguém me pode tirar. É como a esperança que está envolta nestas sensações, em cada uma delas.
E o dia passa e foi só mais um dia. Mas chega a noite e todas as sensações voltam sem eu as chamar. Vou à janela e olho para a lua, quase que me cai uma lágrima no olho: memórias, porra, memórias. E vejo as luzes lá longe nos montes ao lado do meu, e todas aquelas luzes brilham de uma maneira que eu nunca as vi brilhar e olho novamente para a mesma casa e vejo as janelas dessa mesma casa e vejo as pessoas que lá vivem a andar de um lado para o outro e de repente apetece-me estar lá e dizer-lhes olá e de repente começo a imaginar coisas que já nem sei bem quais são.

Começo apenas a imaginar, a mil a hora, imagem após imagem, coisas que não fazem realmente sentido mas que fazem sentido ali, naquele momento.
Sinto-me bem mesmo assim. Turbilhão de sensações e emoções. Mas sinto-me bem.
Melhor isto que não sentir nada, que não ver nada, que não querer nada, que não imaginar e não sonhar nada.
 O nada costuma ser o meu mundo. Portanto é sempre bom ir a Marte e voltar.
E voltei. E agora Arlabunakti que vou dormir.

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