Estou cansado. Creio já ter escrito isto. Estou esgotado de estar sempre a dizer que estou cansado, do medo da lucidez com que encaro este facto. Um cansaço para o qual nem diviso razões aparentes, que me agasta, me adoece e me reduz a um estado de desordem permanente. Dentro sou todo fragmentos, pedaços cortantes de algum concreto que julgo terei já sido. Estou cansado desta forma imutável com que a vida me respira e celebra sem ordem possível. Não consigo sentir-me de outra maneira. De qualquer forma queria não estar assim. Magoado. Queria poder encontrar um meio de mudar este cinzento, esta imobilidade fatal, este afogado pétrido que me pesa, que me fustiga e que por isso não me deixa ser feliz.
Ó meu Deus para onde caminho eu com estes tumultos, com estas sombras? Eu que pretendo apenas e só apenas não me sentir confrangido, nem estranho, nem tão-pouco só e demente. Mas sou tudo isto, esvaído numa confusão indefinida, perdido numa visão que se não acontece, amarga e desespera.”
— | Eduardo White |
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