Suspiro. Vejo-me outra vez envolta numa mágoa que mói, que faz comichão e irrita.
Se uso a memória para que voltes e estejas presente, apetece-me sorrir porque te vejo. Esqueço-me por momentos que o passado não é o momento presente e sou feliz.
Volta tudo muito depressa e de repente a ficha cai-me e tenho raiva. Raiva essa que, com o tempo e com o acto de respirar, é apaziguada. Não sou uma pessoa de guardar rancor. Sei que se aparecesses aqui agora que sorriria para ti, sei disso como sei o meu nome.
É curioso que nos agarremos a memórias mesmo depois de estas se começarem a desvanecer. É curioso que o sentimento ainda esteja presente mesmo que já não seja inteiro,mesmo que seja agora apenas uma sombra do que outrora foi.
É uma sombra persistente esta. É-o porque é uma sombra que não sabe como ir embora. Então vai ficando e ficando e ficando...
Por vezes esqueço-me que ela continua aqui mesmo atrás de mim. Porém, sempre que olho para trás ali está ela, olho melhor e vejo que os contornos estão desvanecidos, olho melhor e ela própria já não sabe o que está ali a fazer. Olhamos uma para a outra e lágrimas caem dos nossos olhos. Estamos sozinhas.
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