quinta-feira, 30 de junho de 2022

Entre a Paz e o Amor

 A perfeição não existe. Ninguém é perfeito. Ok, aceita-se. Mais ao menos.

Não é preciso ser perfeito, embora tenha que existir uma certa magia para que faça sentido. Temos sempre uma primeira impressão, depois uma segunda, a seguir começamos  a pensar se a pessoa podia ser mais. O após é sempre o mesmo, é encontrar os defeitos, é a irritação que vem depois de verificar que a pessoa tem sempre os mesmos tiques, as mesmas piadas, a mesma maneira de reagir a certas situações. Gostava de ser leve, de aceitar todos, de só ver as coisas boas, de aceitar qualquer um e ser feliz. Era bom que fosse mais fácil. Não consigo que seja fácil, não consigo deixar de ser complexa e exigente, não consigo deixar de irritar-me com todas as pequenas coisas. Ninguém é perfeito. Penso muitas vezes que quando encontrar alguém com quem sinta a tal magia que não me vou importar com tudo o que não gosto, quero acreditar que simplesmente não tenho gostado assim tanto de alguém para conseguir esquecer os defeitos, tiques e manhas. Quero acreditar.

Lembro-me de um momento muito específico este ano. Estávamos muito perto um do outro, eu olhei para ti e reparei, pela primeira vez, que os teus olhos tinham várias cores: cinzento, azul, verde... Na verdade, parecia uma explosão de cores. Lembro que me perdi por todas as cores dos teus olhos durante um minuto. Pensei, na altura, que se tivesse apaixonada que aquele seria um momento bonito. E depois, pensei que estava a ser um momento bonito na mesma. Sorri, dei-te um beijo. E naquela noite não pensei mais sobre significados, borboletas, futuros e sentimentos. 

Tenho tido uma boa vida sem isso tudo, aliás tenho sido privilegiada. 

Rio-me com o quão irónica a vida é. Sei-o, da mesma forma que sei o meu nome que um dia quando me voltar a apaixonar e não der certo, e entrar num sofrimento que vai parecer infinito, vou-me lembrar de todos os momentos em que quis experienciar isso outra vez, em que quis sentir a magia. E vou pensar, como já antes aconteceu, que prefiro a paz. 

Se tiver que escolher entre a paz e o amor, sei-o, escolherei sempre a paz.

AR

sábado, 4 de junho de 2022

No regrets

Quero arranjar tempo para tudo, quero estar em todo o lado, estar com todas as pessoas, fazer tudo. Não quero escolher, não quero apenas este ou aquele caminho, nem esta ou aquela pessoa. Quero puder abraçar todos, viver tudo, sentir tudo.

Nos últimos dias apaixonei-me por muitas pessoas. O meu entusiasmo por pessoas tem parecido crescer. Como se a magia da vida agora tivesse na coleção de personalidades que consigo conhecer. A cada nova e interessante conversa a minha alma sente-se mais acompanhada, mais saciada. Apesar de nunca saciar completamente.

Tem sido interessante analisar esta fase da minha vida. Têm havido altos e baixos. No entanto, tenho sentido nos últimos meses uma certa clareza em relação à vida que penso nunca ter experienciado antes. Tenho tido muitos momentos iluminados. Não sei bem de onde vem esta energia, esta força, este entusiasmo, também não sei bem se consigo manter este ritmo, ou se é saudável fazê-lo, mas tem sido tudo tão importante e especial.  Mesmo que tenham sido momentos, maioritariamente, com estranhos. Tem sido um investir no desconhecido. Leap of faith. Nem é isso, é, na verdade, o acreditar que não é por ser efémero que deixa de ser menos importante. Demorei anos a chegar aqui. Foi difícil chegar a este patamar, em que estou a 100% no momento, sabendo que poderá nunca passar de um só momento, que poderá nunca se repetir, mesmo assim invisto, estou presente, aceito, sorrio, dou.

 A vida tem sido tanto. E por mais cansativo que seja ser tudo e estar em todo o lado, não me arrependo de um único segundo.

AR