terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Abraçando Lisboa

 22.02.2022

Que data interessante.

Cada vez mais acredito em momentos perfeitos.

Não sei se é pelo céu azul e por este sol incrível, ou pelo que é, mas hoje é um bom dia! Vim até um jardim, escolhi uma esplanada aleatória. Cappuccino. Olho em frente e um grupo de crianças brinca. Sorrio. Vê-las brincar é belo.

Do meu lado esquerdo está um grupo de adolescentes a fazer rap, podia sentir que perturbam a minha paz, no entanto, sorrio. O rap não é mau, proferem palavras que fazem sentido, têm jeito para aquilo, têm melodia, é arte, o que fazem é arte.

Do meu lado direito, duas americanas falam sobre a vida. Não sei se vivem aqui ou se não, embora seja agradável ver que se perdem em conversas como se tivessem todo o tempo do mundo. É tão bom ter todo o tempo do mundo.

O sol aquece-me a alma. Está um dia esplêndido. Não se vê uma única nuvem no céu, este azul profundo emana paz.

Recebo uma chamada, a conversa faz-me sorrir também. Em breve falarei a jovens sobre globalização, direitos das mulheres, viagens e literatura. Oh! Haverá algo mais enriquecedor do que isto?

Olho em volta, ouço idiomas variados, vejo várias pessoas vestidas de maneira diferente, indicando que nasceram em distintos cantos do mundo. Penso, que apesar de sentir muita falta de viajar, estar aqui tem sido uma tábua de salvação.

Fazemos o que podemos com o que temos e aproveitar o que existe à nossa volta para ser feliz é realmente importante.

Lisboa parece o berço do mundo. Um abraço à humanidade. É mais do que belo ver partes do mundo aqui. Recebo o mundo com um abraço forte, obrigada por terem vindo, fiquem mais um bocadinho...

AR

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Brasil 💗

 Estava a pensar como é que é possível que há 4 anos não tenha escrito, praticamente, nada sobre o Brasil tendo sido uma viagem tão importante.

Deixo aqui um texto escrito naquela altura com algumas coisas que acrescentei hoje. Pois, voltei a ler os rascunhos que escrevi quando visitei o Brasil e tive tantas saudades que chorei. Chorei como se fosse o meu país, como se já não fosse a casa há 4 anos. 

Sobre o Brasil:

Vim à procura de um abraço, encontrei mais do que isso. Encontrei nesta vossa linguagem cheia de gerúndios a sensação de estar em casa.

A Beleza está na ponta da língua, para dizer que concordo.

Tenho vontade de gravar a vossa voz a dizer: Uai para me lembrar que a primeira vez que a ouvi, respondi como se fosse Porquê.

Estou cansada dos vossos ônibus, espero ver mais trens da próxima vez, mas não boto muita esperança nisso. Embora saiba que vai haver próxima vez.

Ainda não sai desta terra maravilhosa, porém, já tenho saudades.

Saudades dos cariocas, dos paulistas, dos mineiros...

Saudades do cupuaço, do bacuri, da castanha-do-pará...

Saudades da goiabada, das borboletas coloridas, do pássaro bem-te-vi, dos tucanos, dos loros, até dos Urubu, até desses.

Saudades do vosso frio que é quente, dos abraços sentidos, das tapiocas, do açaí...

Vou sentir falta do vosso cumprimento: um abraço e um beijo. Não há cá beijinhos.

Gosto de vocês mesmo quando fazem o troco arredondando, mesmo quando falam alto para deixar mensagem de áudio no whatsapp, mesmo sabendo que há demasiado plástico descartável nestas terras, mesmo com a vossa obsessão pela estética, mesmo que gostem de sertanejo com aquelas letras machistas que não dizem nada de jeito, mesmo que coloquem demasiado açúcar e sal na vossa comida, mesmo que comam muita carne, mesmo assim, gosto de vocês.

A casa-de-banho passou a ser banheiro.

O pequeno-almoço passou a ser café da manhã.

Os atacadores passaram a ser cadarço, singular, pois, exato.

Tu passou a ser você, e bem posso tentar tratar a galera por tu, que muitas vezes não me entendem. 

Então, você, contrariando a minha mente que me diz que você é formal. Aqui não há bem formal e informal, no final de contas, somos todos uma grande família. Não existem muros, barreiras, os tais muros e barreiras que em Portugal tanto gostamos de criar.

Talvez tenha sido essa uma das razões para me sentir em casa. Senti que aqui somos todos iguais. Só muda os pormenores, na alma somos um só.

Se pudesse, levava um bocadinho do Brasil no bolso para todo o lado. Embora, sinta que por ter estado aqui mais de dois meses, é claro que o Brasil está agora tatuado em mim, e que vai moldar a minha pessoa no futuro. Vou levar, sim, o Brasil comigo, somos tão melhores quando conseguimos ser de onde nascemos e também de todos os outros lados.

AR