terça-feira, 14 de março de 2023

Ondas, vento e magia


Não considero que sei rimar,

É possível, que os meus poemas, sejam pouco.

Um pouco assim cheinho de ondas, vento e magia.

A verdade, é que nem acredito em magia.

"A mentira dos poemas." 

Penso que é tudo tanto,

E é tudo nada.

O sopro da vida está presente,

Nas coisas que morrem cedo.

E ausente,

em quem morre tarde demais.

Basta uma palavra, para saber,

a direcção de um mundo novo.

Se será ou não,

uma boa decisão,

Isso é outra questão.

Atiro palavras para o ar,

Como pinceladas numa tela em branco.

Brinco com a vida,

Experimento, salto, grito e desespero.

Tudo é tanto,

 e tão pouco.

Gostava de ver nos olhos dos outros,

Aquilo que viste nos meus.

Essa intensidade,

essa perfuração de alma.

Não quero amor, não,

Quero, em exactidão,

Essa perfuração de alma.

 

AR

O meu mundo é outro

Todas as histórias de amor nojentas...

Eu só quero falar de desencontros...

Podia agarrar as sensações mais puras, as energias mais limpas e os sorrisos mais genuínos, mas acabo sempre por me agarrar à falta de esperança, à mágoa, ao que não foi dito nem feito, ao silêncio, à distância, à impossibilidade.

  Eu toda um buraco negro. Eu toda o caos.

Queria escrever um poema sobre isto, porém, é como se só o amor se encontrasse nos poemas, como se tudo o resto fosse falso, mal construído, inútil, vazio.

Não quero mentir e escrever que sei o que é o amor. Não quero falar sobre pessoas do outro sexo que posso ou não gostar. Sinto que é tudo em vão. Não quero aprofundar. Gostava que viessem todos atrás de mim, encostassem-me contra uma parede e me obrigassem a escolher. Obrigassem-me a sentir. Que me batessem, gritassem comigo, virassem-me do avesso. Por alguma razão, é esse o mundo em que me encontro, o mundo do extremo, de um pico de algo, um ferver de emoções, um grito de desespero. Encontro-me mais facilmente por aí, do que num abraço, num beijo, num carinho.

Sei o porquê, mas não, não quero continuar a analisar-me. Quero, sim, encontrar alguém que seja, talvez, mais caótico do que eu, e que, talvez, possa-me tornar útil e consiga ajudar um outro caos a aceitar-se e a viver com a loucura da vida.

AR