sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ar

Flutuo fora do meu corpo. Sou ar e ar apenas. Continuo a ter sentimentos e pensamentos e desejos mas não tenho corpo e não me podem tocar fisicamente. Apesar disso, tenho alma e se alguém quiser ainda pode entrar nela. Apenas preciso de saber a verdade sobre mim, sobre o ser que sou. Eu sou eu. Sem corpo ou com corpo, não deixo de ser eu. Cheia de dúvidas, receios, esperanças, sonhos. E é isso que me constituí. Não o cabelo que outrora foi meu, não as pernas com que andava, não as mãos com que escrevia. Nada disso interessa, nada disso sou eu... Continuo a flutuar por aí, como o vento, como a brisa. E sou livre, finalmente. Pois não estou presa a um corpo, porque não estou fechada dentro de um crânio. Sou livre, sou ar, sou simplesmente eu. Sem mais nada, só eu.
(E sinto-me aliviada e completa, como nunca me senti antes.)

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