sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sereia se quiseres

" Anda depressa dormir que eu prometo que vou fingir que não adormeço. Entras-me a meio do sonho como a sereia que fez do início das escamas a cintura... para se fazer mais fina, mais estreita, mais estreito que sou eu...que até cabo em ti com o mar à volta...como um mau português que se afoga na salitre das tuas vogais parasitas que nunca me soam a mais.
E tenho a mania que te amo só porque não conheço ninguém melhor...ou melhor...até conheço, ou conheceria se tivesse a imaginação mais fértil...para te imaginar como a irmã feia e burra da mulher mais que perfeita que não existiu no passado. Mas como não me sai da cabeça a imagem...nem com shampoo...e, como a mulher mais que perfeita nunca vai dar à costa, tenho de me contentar contigo que és só a perfeição.
És tu, és só tu.
E tu:
_ Serei...sereia...serei a...se tu quiseres.
E eu...à falta de melhor... quero."

Toca-me pela razão mais óbvia.
Outro texto de João Negreiros.

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