Já tinha passado muito tempo, diria até que já tinham passado séculos…
Depois de todo este tempo as memórias estavam distorcidas, de tal maneira que não conseguia distinguir o passado do presente, a ficção da realidade, o imaginário do real.
Já não eram só memórias, eram memórias com uma pontinha de imaginação à mistura. Já não eram só saudades, eram saudades com tristeza e desespero à mistura.
O que existia em mim aliás, o que existe em mim não és tu nem a tua essência, (até porque nunca tive real interesse em mergulhar-me nela) é pois a memória da superficialidade do teu corpo, do reflexo do teu olhar, do teu sorriso brilhante…
Admito, o que quero é a superficialidade do teu corpo, ver o reflexo do teu olhar, observar o teu sorriso brilhante. Só e apenas isso.
Porém, até este meu pequeno desejo é inalcançável.
Porque tu fazes parte das minhas memórias e isto quando não és só parte da minha imaginação.
Porque tu já não existes e o meu desejo já não és tu.