segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Um Novo Ano, um velho eu.

Ontem estava rodeada de desconhecidos, estávamos todos a conversar sobre o tudo e o nada. De repente, um deles pega no telemóvel e diz que não enviou nenhuma mensagem de ano novo a ninguém, que se calhar devia fazê-lo. Disse-lhe que enviasse à primeira pessoa de que se lembrasse naquele momento. Rapidamente disse-me que se lembrou da ex-namorada. Natural - respondi eu.

Após este episódio, fiquei a pensar. Fiz-me a mim mesma, a mesma pergunta. Tentei ver quem aparecia na minha mente. Debrucei-me sobre o assunto por mais segundos do que era suposto.
 Incrivelmente, um vazio.
Nem uma única pessoa brilhou nos meus pensamentos. Nem uma réstia de vontade de enviar mensagens seja a quem for. Nem família. Nem amigos. Nem ex-amantes. Nem nada.
Porém, não foi este pensamento que me surpreendeu. O que me surpreendeu foi a apatia com que pensava nisto tudo.
 Sei que em tempos este pensamento teria-me devastado. No entanto, naquele momento, não sentia absolutamente nada. Nem tristeza, nem solidão, nem decepção, nada.
Não soube, nem sei o que fazer com este nada. Embora, talvez seja a primeira vez na minha vida em que prefiro o nada à mágoa de uma felicidade que já não existe, de uma companhia que, provavelmente, nunca existiu, de uma compreensão e empatia que sempre andaram desaparecidas, de algo mais, que ao pensar sobre isso sempre foi tão efémero e fugidio. Como o tempo.

Talvez esta apatia venha do reconhecimento da minha própria culpa nisto. Temos o amor que damos. Se somos uma divisão de quatro paredes sem portas nem janelas estamos condenados ao vazio.
Agora, depois do reconhecimento a pergunta é simples: Queremos construir janelas e portas ou queremos pintar as paredes de outra cor?
A ponderar.

AR


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